O atlântico consome terras da África Ocidental

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Texto e fotos: Bacar Baldé

« Da Mauritânia ao Benin, quase todos os 11 países costeiros são confrontados com o fenómeno »

O mar consome a costa e as infra-estruturas adjacentes erguidas no noroeste da Guiné-BissauA subida do nível do mar, com consequências inquietantes, caraterizadas com a destruição de casas e infra-estruturas, em geral, está a ser registada frequentemente na costa atlântica da África Ocidental.

Da Mauritânia ao Benin, quase todos os 11 países costeiros são confrontados com o fenómeno. Por exemplo, na Costa do Marfim 500 quilómetros de costa estão sendo absorvidos gradualmente pelo mar e em alguns casos esta retrocede até dois ou três metros por ano. Em Abidjã, principal cidade marfinense, várias casas foram destruídas e numerosas famílias ficaram sem teto. No Ghana, o mar está a consumir uma aldeia inteira. Na Guiné-Bissau, as águas do Atlântico consumiram por completo as obras de um hotel clássico orçado em 20 milhões de dólares que estava sendo erguido nas imediações de Varela no noroeste do país e destruíram a casa de passagem do ex-Presidente Luíz Cabral na ilha de Bubaque, no arquipélago dos Bijagós..

Já a capital da Mauritânia, Nouakchott, sofreu, há alguns anos atrás, grandes inundações e algumas estimativas apontam que 80% dessa cidade estará debaixo d’água salgada até 2025.

« Neste pO oceano consome a costa de Ghana em grande velocidaderojeto, o Benin recebeu da UEMOA um apoio auxiliar de 2,5 biliões de francos CFA »

A costa de Cotonu, centro económico de Benin, também está a sofrer uma forte erosão. Mas, para fazer face ao fenómeno, o Benin conseguiu apoios financeiros e está a implementar, neste momento, um projeto destinado para a recuperação da costa que consiste na construção de nove barreiras contra a água em volta de Cotonu, bem como reabilitar a barreira existente em Siafato.

O projeto abrange um espaço de oito quilómetros, financiado em parte pela Comissão da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA). Este projeto visa instalar nove obras de proteção para proteger as infra-estruturas socioeconómicas e aos moradores instalados à beira do mar. Estes trabalhos consistem em oito picos para proteção e um revestimento de parede. As orelhas são espaçadas cerca de um quilómetro, que abrange um total linear de 8 quilómetros.

O projeto foi financiado com o apoio dos doadores do Golfo da Guiné, nomeadamente BADEA, BID, FKDA, o Fundo Saudita, OFID e UEMOA, num total de aproximadamente 46 biliões de francos CFA. Neste projeto, o Benin recebeu da UEMOA um apoio auxiliar de 2,5 biliões de francos CFA.

Segundo Philippe Zounmènou, o coordenador do projeto, a empresa holandesa Boskalis Internacional conseguiu executar os trabalhos no espaço temporal de 26 meses.

« Consequências da erosão »

Em termos de impactos, Philippe Zounmènou explicou aos jornalistas dos oito Estados-membros da UEMOA que visitaram o local de que, antes da instalação do projeto, a constatação factual mostrava que a erosão tem uma velocidade média anual de aproximadamente 10 metros, mas desde a instalação das obras, há um certo nível de reabastecimento da praia (veja a foto).

Nas palavras de Philippe, através das obras realizadas, cerca de 100 metros já estão reconstituídos na praia de Siafato, próximo do hotel Eldorado.

Como consequências da erosão, o coordenador do projeto refere que há uma perda de 5 a 6 estâncias hoteleiras e milhares de famílias viram suas casas submergidas, sendo obrigadas a mudar.

Barreira erguida para a recuperação da costa de Siafato no Benin“Se tomarmos em conta a velocidade da erosão, 10 metros por ano, num período de 50 anos, o Benin perderá uma área importante das suas terras”, anotou o coordenador.

Portanto, as mudanças climáticas são factores que causam a subida do nível do mar, a partir dos Pólos, através do dereter do gelo. Também as atividades humanas, nomeadamente a extração da areia nas praias e a destruição de mangais facilitam o alagamento da água em terras baixas, provocando a sua submersão.

Texto e fotos: Bacar Baldé

BIOGRAFIA DE BACAR BALDÉ

Bacar Baldephoto

Nascido a 4 de fevereiro de 1967. Participou na realização do filme “Mortu Nega” de longa-metragem do realizador guineense, Flora Gomes, foi militante da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC) para em 1985 jurar a bandeira e transitar para as fileiras do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) – o partido libertador da Guiné-Bissau.. Fez o curso de superação político-ideológica na escola nacional do PAIGC em 1987 e foi jornalista-estagiário no jornal Nô Pintcha de 1988 a 1990. Contemplado com bolsa de UNESCO, fez os estudos universitários na Universidade Estatal de Voronej, na Federação da Rússia (ex-URSS), tendo em 1996 terminado o curso superior de jornalismo com a nota máximo e obtido o nível de “Mestre em Artes de Jornalismo”. Regressado ao país depois dos estudos universitários, Bacar Baldé foi de novo colocado no jornal Nô Pintcha tendo seguido a carreira jornalística e evoluído progressivamente. Desempenhou as funções de chefe de redação, diretor de informação e a partir de agosto de 2012 exerce o cargo de diretor-geral do jornal Nô Pintcha.

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